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O fim da abelha Pedra-Raiz.

Atualizado: 18 de jan. de 2023


POST QUE ME INSPIROU A COMEÇAR O CAIXOLÁ LÁ LINHA.

Não é que fale com animais, fora cachorro que é o animal que mais convivi... Mas, ontem, me vi numa curta e bem bacana charla. Acho esse castelhano dos nossos hermanos latinos tão mais interessante para incorporar ao português do que esses speaks, feets... Ai, tá bom, fala que não tem s, em vez de tentar poetar. Em sendo tradutora, tenho que deixar bem claro para oposição não sair espalhando que não sei nem regra de plural em inglês. Já pensou? Vixe! Dá-me beats, rios e fishes, diferentes pieces, biches. Bee. Biene. Uma só. Apareceu enquanto a novata no ramo fazia geleia com casca de melão. Um gasto de gás do cão, hão de dizer para daí incentivar a compra no mercado, o consumo lacrado, armado. Faz os cálculos aí que eu acho que vale a pena para saúde e para o bolso. Mas, se der, usa demerara. Estou pensando em tentar fazer com melado para ver no que dá. Posso ser novata nos meandros da geleia, mas de economia e de utilização de resíduos tenho lá uma pouco de experiência para manter a existência.




Existência minha, nossa, da abeja com orientação descendo ladeira. Nem queira saber o que charlé com mi pequeña compañera. Como disse foi um papo rápido. Foi mais um convite para ela se sentir à vontade. Sugeri que ela fosse até a sacada para cheirar as flores das pimenteiras e do tomateiro. Autorizei – ela nem precisava disso - o carregamento de pólen. Mas ela continuou ali. Aí pensei em fazer algo que não recomendo aos anfitriões das abejas: colocar um pouco de geleia para ela no cantinho da pia fria. Que bom que não fiz. Se açúcar é ruim para humanos, imagina para elas que já estão perdidas no meio de tanto inseticida da vida. E da morte. Falamos também dos serrotes. Bzzzzzzzzzzzzzzzz... Quando nem vi (porque estava escrevendo esse texto), ela havia voado até a sacada. Mas não foi até as flores. Quando nem vi, ela já estava no chão, mexendo muito pouco as asinhas. Não... Ela não deixou o ferrão em ninguém, senão não teria demorado tanto tempo para morrer. Foram bem umas duas horas que ela ficou me visitando.



Fizemos o que pudemos para dar um enterro digno para a Pedra-Raiz. O cãozinho trouxe seu trompete, o coelho, o sininho, os passarinhos treenaram nas suas línguas, o galo anunciou... Ah! A calopsita veio com seus ovinhos. Servi um chazinho com muita raiva de ter que colocar o açucareiro na mesa para um bocó do agropop que veio fazer média no velório. Mas, não ia brigar naquela hora. Talvez devesse. Fizemos, os amigos, um som em homenagem a ela e partimos em direção a uma caverna com as paredes de pedras roxas muito lindas. As ametistas e tantas outras amigas na lista da mineração indiscriminada, com seu brilho, apontaram que era hora de nos despedirmos. A abelhinha queria virar pó para dar adubo para sua mãe natureza. Rumamos tristes e cada um levou para casa um raminho de manjericão enraizado. Ainda tem para quem quiser... Os presentes também saíram com uma espadinha para lutar por um mundo em que as abelhas, como a que poderia ter sido mais feliz Pedra-Raiz, encontrem-se com seus amigos, achem-se, não só nos momentos em que estiverem para morrer.



*Esse é o segundo velório que fazemos aqui. As fotos do primeiro, você não imagina, o Google Drive apagou sem aviso, sem notificação, sem explicação para o desrespeito com o último adeus.

*Tempos atrás fiz um texto no Arte na Roda sobre a artista Sarah Hatton que na sua obra fala da morte das abelhas.


Registros feitos com celular por mim.


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