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life is perfect

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life is perfect é  um quadro pintado com as histórias de vida que se penduram na tênue linha entre os momentos de felicidade e as armadilhas da realidade. quando as idiossincrasias irrompem, quando o palco desmorona, revelam algo completamente diferente do esperado: crescente crueldade, o ficar calado, sentimentos de isolamento e solidão que entram pela nossa porta. confrontam ordem e harmonia com  instabilidade e fragmentação. refração. o vaso transparente... a casca tão lisa...a concha. uma  porcelana chama a atenção para as finas rachaduras nas quais um panorama díspar se abre - brutal e vulnerável, perturbador e virtuoso, terno e opressivo. uma documentação poética sobre a relação ambivalente da realidade que segue a imprevisibilidade da vida. os estereótipos são expostos na condensação poética e intensificação radical do comportamento cotidiano enquadrado nos nossos humores.penetram na vitrine das ilusões com as aparências, na superficialidade polida, tornando visíveis as dissonâncias subjacentes. Em quadros polifônicas tão reais quanto fantásticos, life is perfect imagina mundos absurdos com fundos e chãos falsos, nos quais apenas alguns passos são suficientes para que uma circunstância caia por terra.

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Assisti Life is Perfect por causa da quarentena. Não teria sido possível se não fosse o corona. Provavelmente não ficaria sabendo. Talvez nem ficasse disponível. É um dos muitos espetáculos - de companhias de tudo que é país - que o Ruy Filho postou lá no facebook da Antropositivo.

Abaixo desse meu texto reproduzo outro de divulgação do espetáculo da companhia alemã Toula Limnaios. Traduzi. Livremente. Aumentei. Fiz o que todos, nós, tradutores, queremos. Transformei opções em texto.  E quando o texto vai para vários lados, aí dá para poetar bastante, imaginar até não querer mais. O texto está todo escrito com minúsculas. Isso no alemão, que, sabemos, usa maiúsculas não só nos começos de frase, mas também nos substantivos, é duplamente inquietante.

Sobre a tradução, não pense que eu faria assim se fosse para um trabalho contratado (tenho que falar isso para não perder alguma rara chance nessa pandemia). Nesse caso, já que o autor está vivo, o melhor seria um bate-papo para saber por onde andava o pensamento dele na hora em que se escondia em concha para conceber o texto Mas esse não perguntar também é bom. Para poder viajar mesmo... E inspirada pelo espetáculo, melhor ainda. Depois de assistir, é difícil ficar só com o release inicial.

Pode ser bom  pendurar histórias da vida como quadros na parede. Grampos de roupa, opa... Vão na mágica do vento, trazendo teclas bem a tempo. Prendem-se à pele e olha que isso fere. Tocam música para ressoar até na tumba. Enquanto isso, tantos pendurados à dor, cambalhotam insistentes no rechaço. Só quem vai sofrer ouve mais um passo. Mais perto. Não tá certo. Toca sanfona. Toca. Pendura o querer esquecer em qualquer parede. Tira de dentro. Transforma, transforma, sim, num quadro que a gente já nem olha. Pendura a dor em cor no varal de trás, no jardim da frente. Faz respeitada a boneca obrigada a ser desejável pelo comércio dos afetos embrutecidos. Deixa exposta a flama da desumanidade. Enche de luta o corpo inflável e acaba com a injustiça inflamável. Vem ar quente. Descola do chão. Desloca o vão. Solta o não.

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