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AI, AI

A 41ª Oficina de Música de Curitiba acabou. Teve muita coisa boa, mas deixou umas dores...





Gosto de sair de casa sem destino. Ai, esse meu jeito tão fino... Mas em época de Oficina de Música não dá.  Cada evento tem horário. O bom é que consegui caronas com a artista visual Silviah Mariah e as chegadas e partidas ficaram mais fáceis. Paguei com gorro andino que eu crochetei meses atrás com lã reciclada.  Os andinos com aquelas orelhas casaram bem com ela que estava com dor de ouvido. Não vou dizer que dei sorte porque não há cidadão que mereça dor de ouvido. Nem aqueles que a gente não gosta. Oh, oh, oh, quanta pureza carrego na minha alma... É que me enlevei em canto e encanto na 41ª  Oficina. Essa rima não vem à toa na minha cachola.  Foi o mote do evento que homenageou Leminski. Sim, ele também fez música. Elegantemente.


Não me dê analgésicos, nem ansiolíticos políticos, para suportar essa dor ansiosa da falta de uma oficina mais longa. Não faz muito tempo, a oficina durava um mês. Agora são esses, ó vida, míseros dez dias. Ou a gente assiste ao concerto ou ao show. (Elegantérrimo usar objeto indireto com o verbo? Sei não. Tô achando meio chato. Meio que dói no ouvido).

Continuando a contar o dilema provocado pela prefeitura. Sim, eu sei que uma boa parte das pessoas já tem preferência por erudito ou MPB e não se incomoda com a perda.  Mas eu e - um monte de amigos - não.  Que tal se o concerto começar mais cedo ainda? Tipo 18 horas.  Aí dá para assistir aos... Não. Me recuso-me. Fica meio pedante esse aos e esse me na ênclise, não fica?. Vai OS dois. Pois bem. Voltando. Trocar o horário não é o ideal, mas diante da mente reducionista dos administradores...  E, nós, que gostamos de quase tudo que cheire à arte não podemos nos alimentar livremente com nossas pitadas de esquizofrenia musical.

Falando em divisão, fiquei sem saber o que pensar quando vi o rapper Owerá, guarani, entrar no palco do Paiol para cantar as canções do seu mais recente álbum Mbaraeté. Owerá tem 21 anos. É uma voz importante na batalha pela demarcação de terra, fortalecimento do povo indígena e respeito pela biodiversidade. Ele vive na aldeia Krukutu, na região de Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. É mais calor do que Curitiba, suponho. Porém, não acredito que, naquela noite um pouco fria, era necessário entrar no palco vestindo um moletom escrito New York. Ai, que dor. Poxa, Owerá... Se só tinha aquele pusesse do avesso para não parecer entreguista. Desculpa aí. Fora isso, adorei o show. Acho primordial o seu trabalho.


Um trabalho que também é primordial é o da Márcia Squiba, da Fundação Cultural de Curitiba. Ela organiza a Oficina Verde. Oferece oficinas gratuitas ligadas ao meio ambiente. Uns meses atrás ela me contou que a Oficina Verde ia estar demais porque ia trazer Paulo Nobre, cientista brasileiro especializado no estudo do clima. Qual não foi a minha surpresa quando olhei a programação da Oficina e não achei o nome dele. Ui, que chato. O que houve Secretaria Municipal do Meio Ambiente?

Outra pergunta: ai, ai, ai. Porque o Criolo pediu um SUV para buscá-lo no aeroporto? Carro é tão importante assim? Tinha uma época em que a Fundação Cultural de Curitiba ia buscar os artistas, internacionais inclusive, de kombi. SUV, por mim, não deveria rodar na cidade. É um carro grande que come fácil, fácil, as faixas. Ah, deixa pra lá. Eu sou chata mesmo...

Criolo é ótimo. Cantou sambas clássicos acompanhado por uma Orquestra de Cordas, dirigida por João Egashira e uma Orquestra de Sopros, dirigida por Paulo Aragão. As duas orquestras foram integradas por alunos da Oficina. Achei que o show poderia ter mais músicas autorais. No mais, fiquei com os braços cansados de aplaudir. Teve muito papinho no meio do show para jogar para plateia. Mas, valeu. A voz do Criolo é muito bonita. E acompanhado pelas orquestras ficou dez.


Quem também tem uma voz bonita é a Margareth Makiolke. Ela canta com outra voz bonita, a do Oswaldo Rios, no Viola Quebrada.  Mas, ai que pena! Ela fica como segunda voz praticamente o show todo. Tenho pra mim que não foi sempre assim. Difícil de ouvi-la. Fiquei pensando se ela ensaiou pouco pelo fato de morar em Santa Catarina. O Viola Quebrada completou 25 anos de existência e é integrado também por Rogério Gulin, Marco Saldanha e Sandro Guaraná. Ouça Sertaneja e vê se descobre porque, ai, ai, ela chora...



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