top of page

Ouvindo 4 - Escrito poético

Atualizado: 17 de dez. de 2021




Estou ouvindo o canal da saxofonista Mônica Avila.

Conheci a partir de um show do SESC Jazz. Ela faz parte do grupo Jazz das Minas. Olha a ficha técnica:

Direção musical, piano e voz: Maíra Freitas (Sim, a filha do Martinho da Vila).

Violão: Samara Líbano

Baixo: Sandra Nisseli

Bateria e percussão: Flavia Belchior

Sax e flauta: Mônica Avila

Até agora foi o show que mais gostei no SESC Jazz.



Mas o que eu queria falar aqui é sobre um vídeo que está no canal da Mônica Avila. São gravações de várias pessoas refletindo sobre o que significa música de qualidade.

Música de qualidade pode ser tanta coisa.



Legal a iniciativa. Porém, eu gostaria mais de ouvir a pergunta: o que é música de responsa?

E ficaria curiosa para saber se ouviria respostas como:

Música de responsa é a que cuida dos acordes não midiáticos.

Música de responsa é a que embala os ritmos na UTI.

Música de responsa é a que se sabe não midiática, mas que não se molda. Ou pelo menos, tenta.

Música de responsa é aquela que tem grandes chances de ser massacrada pelo mainstream.

Música de responsa é a que resiste ao sucesso de massa.

Música de responsa quer sucesso, mas não precisa tocar na rádio todo dia.

Música de responsa é aquele que sabe que são poucos os de responsa escolhidos para brilhar no podião.

É isso. Só há um Caetano. Só há um Chico.

Música de responsa não esquece o nicho.

Música de responsa escolhe a que veio.

Música de responsa tem perfil que insiste em não se diluir nos likes.

Música de responsa preserva o que muda.

Música de responsa não segue sempre a moda.

Música de responsa é diversa.

Música de responsa tem artista do bom.

Música de responsa transforma.

Música de responsa se transforma.

Música de responsa foge de hino besta.

Música de responsa foge de sino que acorrenta.

Música de responsa foge de louvor que traz dor.

Música de responsa tem gama de cor.

Por mim podia ter sempre atabaque e tambor.

Luta pela terra para nascer muita flor.

Música de responsa faz pensar.

Música de responsa pode educar.

Música de responsa faz dançar.

Música de responsa faz chorar.

Música de responsa faz amar.

Música de responsa pergunta.

Música de responsa responde.

Música de responsa não tem resposta.

Música de responsa deixa no ar.

Música de responsa mexe com o coco. Com a caixola.

E a vitrola?

Música de responsa pode ser difícil.

Música de responsa pode ser fácil.

Mas não é volátil.

Não corre para ficar nas bocas.

Não sonha só com o encontrão com os quinze minutos minutos de fama.

Bem que gosta de uma lama.

Não só ama.

Tem chama.

Põe limites no sucesso.

Não morre por um autógrafo a mais.

Ou a menos.

Grita outras paradas.

Fita outras escadas.

Não se apressa para grudar na testa.

E acha melhor não fazer festa para as qualidades do Tio Sam.

Não bota tapete vermelho para qualquer clã.

Tem menos fãs.

Não se ocupa só de gringo bam-bam-bam.

Sério? Verdade que tem o contraponto? Que a nossa música também está lá fora? É mesmo, né? Um montão de músico brasileiro lá fora. Um montão de música brasileira no estrangeiro... Inclusive, o número de ouvintes de música brasileira lá deve estar equiparado àqueles que ouvem música estafudidense aqui, né?

Eles nos adoram. Estão até pensando em nem assolar mais nossos streamings e rádios, não é isso? Até vão pegar a nossa música que toca lá e mandar para nós. Os filmes então... Tão dizendo que Hollyfastfood nem vai enviar mais filmes pra cá. Aguarde agora a notícia para corroborar a ironia: filme tal não chega ao Brasil.

Enquanto isso a turma do veja bem vai passando pano ou fazendo suas musiquinhas que jogam para a grande plateia. Essa que não tem tempo, vontade ou possibilidade de ouvir outras coisas a não ser as pré-escolhidas, as intermediadas pela indústria cultural da música e também de tantos objetos de consumo...

Quero aproveitar para falar dessas indústrias de fora que ganham publicidade de graça nos peitos e pés da galera ao colocar nas camisetas e tênis sua marca bem grande para aparecer nas lives. Eu entendo. Às vezes, o moletom estava na promoção, mais barato, quente. Melhor levar do que passar frio. Mas, que a galera deveria se ligar e fazer o possível para não aparecer com as marcas, isso devia. E parar de tomar refri assassino na live também seria uma boa.

Aliás, já assinou a campanha aí embaixo?



E, por último: ressignificar é lindo, tá bom. Mas, não vem. Não significa que não doi de vez em quando e que a cicatriz não possa abrir, dependendo da merda. Vale para vida, para a música, para religião, para morte do cão, para o pescoço com facão, para morte do lindão, pro escape do chão. Fugir do que doeu é enxugar gelo. Pra luta! De conformismo e discurso bonito, de frase fofa o mundo tá cheio. Mas no travesseiro, no descanso no poleiro, na falácia do mau cheiro, só quem passou, passa, sabe. Se é que não deita e dorme, anestesiado, sem nem pensar em nada para não mexer no que parece estar a sete palmos. Pra luta, sim! E se cansar um pouco, ouve uma música ressignificada.. Ou não.. hahahaha. E deixa o povo de Miami consumindo. Quanto mais longe melhor. Deixa essa terra pra quem a valoriza, protege, cuida, canta. Chega de vaka. Levanta da maca. Vê se não vai querer ter o gostinho de receber visita no cemitério...

Ah! (Sempre arranjo um). Vc pode transformar a ladainha em mantra e levar pra vida.


*Os outros Ouvindo que eu fiz só boletins mais curtos e não coloquei no blog...

Ouvindo 4(é esse).



Posts recentes

Ver tudo

Ouvindo... Links para boletins e posts.

CLIQUE AQUI Ouvindo 1 CLIQUE AQUI Ouvindo 2 CLIQUE AQUI Ouvindo 3 CLIQUE AQUI Ouvindo 4 CLIQUE AQUI Ouvindo 5 CLIQUE AQUI Ouvindo 6 CLIQUE AQUI Ouvindo 7 CLIQUE AQUI Ouvindo 8 CLIQUE AQUI Ouvindo 9 CL

Post%20Verde%20e%20Rosa%20de%20Cosm%C3%A
bottom of page