Jaca em cela de ditadura pandêmica, tentando curtir um sol para ver se amadurece, amarelece, amolece.
Dessa vez meu irmão comprou a Jaca na estrada e trouxe para Curitiba. Já enfrentou uma Jaca? Enfiou o pé de vez? Eu preferi não entrar com esse espírito. De enfrentar. Fui de leve. Geladeira pequena, congelador irritantemente minúsculo para abarcar todos os potinhos da Jaquinha. Ela não era tão grande. Mas, deu carne de jaca para comer por uma vida. Estava verde e eu cortei, achando que já estava toda madura. No final, o erro foi um acerto. Deu para experimentar um pouquinho da fruta natural. Uma delícia. Doce.
Mas não daria para comer a Jaca madura inteira em três pessoas antes de estragar. A consistência daquelas para ensinar a mastigar não é para qualquer bebê adulto que tenha sofrido com texturas na introdução dos sólidos. Aliás, não se esmere muito na mastigação da jaca. Depois de cozida, então... Não tinha limão na geladeira e eu não pus vinagre no cozimento. É provável que a textura mudasse por causa daquele jeitão cítrico de ir cozinhando pelas beiradas. E as facas? E as facas? Ficam todas grudando por causa do leite. Tem que untar com óleo para não sofrer tanto. Porque sofrer na primeira a gente sofre. Uma sofridinha que não chega ao masoquismo. Nem se falarem que tirar a pele do caroço da jaca (para fazer um patê) é trabalho pra preso (conselho, conselho, eu heim) veja como uma terapia ocupacional.
“Depois de trezentos anos”, como diz a Bela Gil, com essas sementes tão, tão... São bonitas mesmo, é essa palavra... Não queria compará-las a nada porque não aguento mais essa mania de tudo ter que ser parecido ou lembrar alguma coisa. Experimenta e pronto. Busca novos paladares, novas texturas, não enche.
Pois, mesmo não gostando de comparação toda hora, eu vou fazer uma aqui porque vale a pena. Ela lembra pinhão, gente, o pinhãozinho, da araucária, dessa árvore que me emociona toda vez que eu olho de tão linda, vivendo com medo de ser extinta. Com as irmãzinhas do pinhão descascadas, dá para começar o patê.
Se quiser bater com as cascas, vai precisar de um liquidificador bom ou um processador porque o meu quase não deu conta de bater com azeite. Com água foi melhor. A consistência ficou mais mole. Com azeite e casca fica bom para comer com torrada porque as texturas se mesclam e ninguém mais sabe o que é o quê.
O hacker-system V no meu computador não está me deixando cortar as fotos.
O que mais eu pus no patê nem me pergunte porque nem lembro. Incrementa com o que quiser porque a semente e a carne de Jaca - não digo que sejam neutras porque neutralidade não existe - se prestam a vários temperos pelo que venho percebendo. Depende do que sua família gosta. Ah! Lembrei. No patê mais mole pus alho refogado e comi no finalzinho do dia com massa de panqueca do café da manhã.
Montar umas torradinhas com um pedacinho da folhinha de salsinha e umas metadinhas de tomatinho cereja, pelo menos, aqui em casa, agradou. Na foto, a gente já tinha comido toda salsinha.
Tô para dizer que as sementes são uma iguaria. Já posicionaram, reis da culinária marketológica? Tô com uma preguiça de procurar...
** A saga da Jaca congelada você vê no próximo post. Só que vai ser post fechado, vinculado ao APOIO ao CAIXOLÁ LÁ LINHA. Cada apoio de R$ 20,00 dá direito a quatro posts sem prazo para publicação. Mas, quando sair o do tapete – que é maior e está dando um mais maior de grande trabalho porque são várias páginas – aí vai ser valor único, em separado. Não que se deva contar valor de trabalho por número de páginas... É que na visão encaixotada esse argumento funciona e eu tô precisando de apoio, hehehe.
Jaqueira da amiga da mamãe.
Só para terminar devo dizer que se a vacina me deixar com a pele da Jaca por um tempo nem vou reclamar como uns e outros que fazem terrorismo para assustar a população e não tem noção do cargo que ocupam e da responsabilidade que isso representa.
