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A voz da lua e da rua

Atualizado: 18 de jan. de 2021

Defensores públicos do Paraná trabalham muito. Tanto, tanto que tiveram que, em janeiro, suspender o atendimento para alguns casos não urgentes na visão deles. Só voltam lá por fevereiro. Se voltarem. Fiquei me perguntando se, no retumbar da Física, aquela que calcula o deslocamento em função do tempo, a velocidade de trabalho mudou muito. Estariam as salas - as que não vemos - lotadas de promotores trabalhando nesse janeiro para dar conta dos processos? Quem sabe tenham levado malas lotadas de ações para continuar o trabalho nas suas viagens, sei lá, nos vapores da Mogiana, da Litorina para Paranaguá ou bem pra lá.


Se chegasse O guarani da palhoça pedindo para ser defendido em mais um direito a menos seriam eles receptivos? Se meu Choro fosse suspirado, bem sentido teria eu sido atendida, depois de chegar lá às 7h30 da manhã e nesse horário já encontrar dez pessoas na minha frente, disputando uma das trinta, trinta e cinco senhas que começaram a ser distribuídas às 8h da manhã? O que você pensou que porque eu peguei a senha seria atendida? Não. Calma. Primeiro que o atendimento só começa ao meio-dia. Isso. Você vai lá pega a senha às 8h e volta meio-dia. Exatamente isso. Você entendeu. Depois ninguém entende porque as discussões começam, as brigas se estendem, semelhante agride semelhante, Caim, Cainã mata Abel... Viu. Por isso, vou sempre defender a importância de não andar armado.

Voltando ao atendimento. Voltando ao meio-dia depois de voar as tranças pela nossa Curitiba tão musical nesse período de janeiro. Não...


Pela manhã não teve programação. Tinha (tem) ao meio-dia e meia o Jazztronômica na Capela Santa Maria. Mas, eu estava na fila da Defensoria. E chamaram a senha 11. Fui lá. Expliquei a minha questão imobiliária e a mocinha simpática me disse que para esse caso eu teria que voltar e tentar em fevereiro. Não Tá sobrando carisma para mim. Definitivamente. Para ver se ganho um pouquinho, tô ouvindo bastante essa música que, como as outras sublinhadas aí no texto, está no CD Folia de tReis do baterista Edu Ribeiro, do acordeonista Toninho Ferragutti e do bandolinista Fábio Peron. Que trio esse! O show na Reitoria é daqueles que quando termina a gente não diz mais nada a não ser: sensacional.


Os caras foram indicados ao Grammy Latino de Melhor Álbum Instrumental. Como diz o Toninho. Não ganharam, mas em compensação perderam. Você ri. Mas, é filosófico. Há coisa que é melhor perder. Não sei se é esse o caso. Não sei se a perda provocou algum Choro materno na família dos três. Eu não chorei não porque não é prêmio que me faz ouvir um disco. Dependendo do prêmio até me afasta. E de mais a mais nem mãe eu sou para encaixar na música ou pegar uma fila menor com a criança no colo lá na defensoria.


Procure saber como anda difícil essa coisa de Defensoria nessa nossa Curitiba em janeiro. Minha peregrinação ou calvário continuou até a Defensoria Pública da União que funciona até 16h. Cheguei às 15h e estava fechada. É que eles deviam estar se afundando em sujeira. Então... Resolveram suspender o atendimento nos próximos quinze dias até que o serviço de limpeza seja recontratado. Chama o Alfredo para trazer o papel higiênico! Que meses bons para resolver o problema: janeiro, fevereiro...


O bom é que , além da Oficina de Música, na segunda-feira que passou, para quem não foi trabalhar por razões de suspensão do trabalho ou em função das férias também tinha a opção de assistir o encavalado festival do aniversário de 100 anos do Fellini. Muito filme bom num dia só, em mesmos horários. Poderiam ter espraiado por outros dias. Ou foi tudo decidido em cima da hora e só sobrou a segunda-feira para encaixar a programação?


Programação com horários ruins também na Oficina de Música. Concertos começando às 20h. Shows começando às 21h. Essa história de enxugar a oficina é uma tristeza. Quando era um mês, vinte dias e não apenas onze dias, a gente conseguia assistir mais coisa. A impressão que dá é que querem compartimentar, encaixotar o público. Você é da praia da erudita, vai nos concertos das 20h. Você é da MPB, vai nos das 19h e das 21h. E quem nada nas duas praias, faz o que, heim? Assiste o bonito encontro do erudito e do popular na abertura da Oficina, sem discurso de político (ufa!) e aí reveza entre erudito e popular? Não gosto dessa ideia. E os alunos também não. Tempo de oficina para eles é tempo de fazer imersão, assistir a tudo, andar por aí respirando música, fazendo música. Fico com dó do pessoal do contrabaixo acústico. Esses transpiram música. Os contrabaixos perderam a carona que tinham nos ônibus oferecidos pela organização da Oficina até o ano passado. Os alunos têm que deixar o instrumento fechado numa salinha ou carregar no ombro.


E um problema a que estão sujeitos os alunos de todos instrumentos é com o aplicativo para retirar os vouchers dos espetáculos. Volta e meia não funciona e o pessoal fica penando. Nos concertos da Capela Santa Maria vi que têm acontecido. Alguns dizem que é porque o espaço é pequeno e só cabem 280 pessoas. Resta aos que não entram ficar na praça Santos Andrade procurando a lua... Vai uma outra sugestão para quem gosta de lua: embarcar no filme A Voz da Luz, do Fellini. Mas pega o trilho e vai. E vai. E vem. Em ritmo de vagão. De colchão. Com espelho. Nem que deforme. Transtorne. Transforme. Pernas em engrenagem. Sacanagem. Com eco e repeteco. Peço. Peça. Poço. Sem fosso. Fossa. Cova.

 
 
 

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Karen Monteiro - jonalista produtora de conteúdo e tradutora do alemão e inglês
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