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Música indígena na Colômbia e mais reflexões musicais daquelas que interessam a poucos.

Atualizado: 18 de abr. de 2020



Esse post é como se fosse um complemento do post sobre a exposição na Colômbia Um dia comemos milho e peixe que estou publicando hoje também no ARTE NA RODA, no site Conexão Planeta. Se você tiver paciência, conto a história com mais detalhes, além daqueles que já contei no Conexão Planeta.

A real é que estava fazendo três, quatro, cinco coisas ao mesmo tempo (cito aqui não em ordem de importância, mas, mais ou menos, em sequência temporal):

A primeira é o Livro de Esboço no PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL (inspirado nos vídeos musicados pelo Angelo Esmanhotto).

A segunda surge de uma baita indignação com um vídeo que o Angelo mesmo me mandou. Falava sobre mais um indígena vítima de genocídio. O próprio Angelo foi quem me enviou. Tive que escrever o post Abril, maio, junho indígena. Foi quase ao mesmo tempo em que descobri a rádio Iandê num ao vivo com vários músicos indígenas brasileiros. Resolvi postar sobre as duas coisas. Escrevi na segunda de manhã, ouvindo a rádio que ficou ao vivo um tempão com o Ailton Krenak. Eu tinha estado acordada até tarde na noite anterior, separando links de música e arte indígenas para postar todos os dias no grupo do face (quando não estiver bloqueada). Acabei publicando no post também a lista que já tinha conseguido.

A terceira é o próprio post do Arte na Roda. Estava aguardando a postagem das legendas do vídeo da exposição que citei acima, da Maria Buenaventura Valencia, da Colômbia. Aí resolvi ligar tudo. Milho, peixe... Só poderia remeter aos indígenas, lógico. Indígenas de lá, de cá.

Aí nasceu esse post. Entrei em contato com a Laura Imery (que fez o vídeo da exposição na Colômbia e que tinha ficado de postar as legendas que eu tinha tido a ideia de traduzir). Perguntei se ela conhecia algum músico indígena na Colômbia. Ela me passou o contado do Julián Gomez (que, além de música indígena, toca jazz, música experimental). Estava garantido o post. E a coisa melhorou mais ainda quando a Maria Buenaventura perguntou se eu queria mais um nome de um amigo artista no sul da Bolívia. Entrei em contato, então, com o Iván Agreda Jamioy, coordenador da Emissora Waishanya. Ele me enviou links de trabalhos que já participou ou que participa. E ouvindo a rádio, claro, você pode descobrir muitos outros nomes legais.

Bem, calma que vou postar os links. Agora me deu vontade de escrever. Estou pra dizer - ih, vem discurso - que é obrigação de quem tem compromisso com a vontade de viver num mundo menos desigual conhecer e divulgar gente que não está e nem precisa querer estar nessa mídia massiva. Fico chateada ao ver as pessoas falando dos dez discos mais isso, mais aquilo. Brincadeira que não acrescenta. Difícil ter algum disco não consagrado no meio das preferências. Não sei no que essas brincadeiras melhoram na pulverização de outros nomes não midiáticos. E elas têm aparecido aos montes nas redes. Claro que temos interesse em saber o que influenciou pessoas que a gente gosta. É legal. É. Os discos são bons? Trazem memórias? Lógico, né? Mas, um ou outro falando disso, vá lá.

Claro que uma “Trilhas Sonoras de Amor Perdidas” do Felipe Hirsch é linda. Não precisa me cruxificar. Mas o bom seria a gente se preocupar com o que vai ficar na memória no futuro. Sim, eu sei, lembrar do passado para caminhar pro futuro. Faz bem. Tá bom. Agora, um monte de gente, uma onda de referências unânimes, todo mundo falando da mesma coisa, só demonstra o que eu venho dizendo: a falta de pluralidade. Ficam patentes gostos e preferências uniformes. Fica claro o quanto nossos afetos e emoções estão ligados ao que à mídia massiva nos mostra e nos mostrou ao longo da vida.

Muito cansada disso. Me enjoa. Ninguém vai criar uma brincadeira dos dez músicos não consagrados, amados, idolatrados só quase por você, que você descobriu nos últimos tempos? Eu queria que quando perguntassem as referências vitais as pessoas citassem nomes daqueles que a gente fica ah? Quem? Daí o fulano que falou coloca ali no celular - já que já temos mesmo essa extensão do braço - e a gente ouve ali na hora a novidade.

Sei, tem gente que já faz. Mas é a minoria. Estamos, óbvio, caminhando para uma pulverização maior das preferências porque as mídias são mais pulverizadas. Porém, o que me preocupa, é que o estilo predominante, o jeitão da parada, permaneça sempre o mesmo. Acho injusto, chato, sem graça, uma perda de talentos, uma falta de perspectiva. Sim. Meio que sempre foi assim. Sei. E vai continuar assim, então? Só porque a maioria acha normal ou não está a fim de se preocupar com isso?

Eta monstro, esse midiático, que empacota tudo junto, joga tudo no mesmo molde para agradar ao máximo de anestesiados possível. Talvez essa questão passe pelo desejo dos próprios músicas de estarem nas paradas, na grande mídia. Essa necessidade de brilhar muito, agradar demais. Correr atrás dos grandes, mendigar espaço. Um dia ouvi de uma amiga uma frase que não vai sair nunca da minha cabeça. Estávamos falando do sucesso. Ela me disse: “sim, um pouco Mas não muito. Mas não muito.” Uma coisa é ver alguém que você não tenha ligação falar isso. Outra é alguém próximo. Conhecendo a artista, o que ela estava me dizendo era: claro, é bom, mas quero me preservar, quero preservar o que tem de mim na obra, não quero me perder, não quero fazer de um jeito que nem seja mais eu. Acho que os artistas que estão em contato com o que vai no seu íntimo, que sabem quem são, que se respeitam, talvez, muitos não queiram mesmo esse tal sucesso a todo custo. Os que chegaram lá no Olimpo e continuam demais, feríssimas, não são tantos assim. Talvez colocados lá como exceção para confirmar a regra. Respeito muito. Respeito mais quem decide não pegar essa caminho.


Ah! E, finadamente, ops, finalmente, por último de tudo mesmo, preparei um escrito poético inspirado em arte visual indígena no Caixa caixote caixão. Além disso, coloquei lá no blog uma trilha temporária que tem tudo a ver com o tema. Tá. Chega. Vão uns links poucos dos músicos que, afinal, esse é o objetivo dessa postagem. Vou publicando mais no grupo do face depois.


Iván Agreda Jamioy:

Produção solo na língua kamëntša. Música usada na medicina indígena.


Produção com um grupo que ele formou há muito tempo. É um coletivo de música e dança tradicional.


Esse último link é uma proposta atual junto com alguns amigos.


Julián Gomèz. Ele ficou de me mandar links, mas não me mandou. Vai ver que ele achou que eu quisesse apenas link dele tocando música indígena, só porque ele é descendente. Não era o caso. O Julián faz música experimental de primeira. Por isso estou publicando. Mas que eu fiquei chateada por ele ter me deixado sem resposta, fiquei. Coisa chata.



Mais dicas de cultura clique na imagemi e peça para entrar no grupo do face:




 
 
 

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Karen Monteiro - jonalista produtora de conteúdo e tradutora do alemão e inglês
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