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Ninando hipopótamos e nossos abacaxis

Atualizado: 15 de dez. de 2019



Depois de conhecer mais de perto o Angelo Esmanhotto, me bateu uma curiosidade: ver os hipopótamos dormirem. Já tenho até música para niná-los. A criação é dele mesmo, do músico e compositor Angelo Esmanhotto. É porque quando estudava música medieval e indiana em Basel, na Suíça, ele ia visitar o zoológico e gostava de observar demoradamente os bichos. Aí eu fiquei com vontade de ver aquela bicho feião ressonando... As narinas abrindo e fechando. Tô ouvido a música aqui. Não nina só hipopótamo, nina também gente cheia de abacaxi na cabeça.

O chato é saber que a minha maior chance é encontrá-los encerrados nas telas de algum programa de TV, num documentário sobre animais ou nos zoológicos. Sabe aquela, né? Rinocerontes onde vivem, como se reproduzem? Tá, Karen, e se não for para encontrar aí nesses lugares você quer o quê? Encontrar hipopótamo desfilando na rua? Olha... Eles bem poderiam invadir uns parques ou ocupar umas construções dessas que sobem sem autorização da razão. Não. Deixa eles. Tadinhos. Não merecem a cidade. De repente, me teletransporto para África para vê-los no seu habitat natural...

Sabe o quê. Acho que nem quero mais. Não vou ficar incomodando os bichos com a minha curiosidade egoísta, me unindo ao turismo de massa que massacra. Eu sei, tem turismo responsável: o pessoal vai aos poucos, segue regras, não faz barulho e tal. Mas, mesmo assim. Esse negócio de turismo é um saco. Se embrenha na natureza, no patrimônio, na cultura, nas artes e mercantiliza tudo, transforma essência em destreza mercadológica. Eu sei. Eu sei. É um beco sem saída. Há que negociar sempre. É isso que eu digo. É um saco. É um abacaxi daqueles. Porque que não ficam os turistas cada um no seu quadrado em vez de sair descobrindo fronteira como se estivesse sem eira nem beira. Falei rindo para não ser crucificada, tá? Mas o que eu acho engraçado mesmo é que turista, em geral, tem passe livre em qualquer lugar. Status já de turista para os refugiados.

Ah! E menos turismo e mais arte na TV Educativa. Precisava a TV mudar de nome? Aliás, muda a cada gestão. Anda falta dinheiro para a programação. Será, gente, será que está indo para algum outro lugar, alguma outra TV bem pouco massa?


* Pedi para o Angelo gravar esse video falando sobre como a música que não toca nas rádios midiáticas entrou na vida dele. Ouça e depois vá para esse link aqui do PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL. Lá tem as dicas musicais do Angelo, o que ele gosta de ouvir e também o jeitinho para ninar hipopótamos com um Livro de Cantigas.

Você, as crianças, as pessoas mais mansas tem que ouvir essas Cantigas. Os mais durões vão perguntar: mas é música? Para quem ainda está lá no quadrado 1,2,3,4, elas estão em outro compasso. É o passo da natureza. O ritmo do piu-piu da passarada, com vocal de gente-hipopótamo que ganhou coração mole e instintivo.




 
 
 

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Karen Monteiro - jonalista produtora de conteúdo e tradutora do alemão e inglês
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