Não fica bravo, bobo

Nesses dias de quarentena estou postando com mais frequência no grupo do face que agora, além de NUNCA PRECISOU DE CHÃO FIRME, é PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL. Peça para entrar no grupo clicando AQUI e acompanhe de casa as dicas culturais e o palco online para os artistas. Mas, antes leia o post sobre o porquê não vou tirar o irresponsável do nome do blog ( o irresponsável, originalmente se refere a um vocalista de uma banda numa festa em que eu fui e que entre uma música e outra só gritava nomes de músicos americanos. Saiba mais AQUI). Ao final desse post coloquei dicas musicais. Você pode ouvir uma por dia. E se aprofundar na artista. Veja o que mais te toca. Afinal, ela não é só um link, uma música.

Foto: Glaucia Domingos

Ideias de amigos e parentes sobre o nome do PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL (com vírgula só quando tenho que separar o nome em algum flyer.)

Karen: - Você deveria tirar do nome do blog o SEU IRRESPONSÁVEL. Muito mais gente leria. Ninguém gosta de ser xingado. Pense a respeito.

Karen: - Algumas sugestões de colegas artistas diversos: “talvez o nome seja agressivo demais e sujeito a interpretações ambíguas". Pense a respeito.

Pois pensei. E não vou tirar. Pode soar agressivo sim, mas a intenção é sobretudo irônica, para tirar um sarrinho. Encarnei a tia chata, engraçada. Ou a coroa do abacaxi na foto, atacando o irresponsável não soa engraçada? Quem se sente atacado por uma coroa do abacaxi? Fala para mim. Cutucar com a palavra é a minha arma. A única que eu tenho. Não sou suave e nem quero ser. Estou na luta amigo, amiga. Portanto, não dá para acariciar, amaciar, fazer textinho fofo para convencer você a ouvir outra coisa. Não é meu estilo. Pode até surtir efeito fazer de outro jeito, mas não seria eu.

Quem reclama acaso já leu? Sabe do que eu estou falando? Sabe o tamanho da briga que eu comprei? Sabe o abacaxi que é? Quem é que tanto abre a boca para falar que não aguenta mais ter o ouvido colonizado pela música midiática? Quem tanto escreve, dá a cara a tapa, reclama dos jabás das rádios que tiram espaço de tanta gente boa, assim sistematicamente, empunhando nome, marca? É claro que vai aparecer gente falando que eu estou sendo agressiva. Para quem ganha com o padrão imposto à maioria, vem bem a calhar tirar o foco do que realmente importa.

Os que acompanham sabem que levo o abacaxi pra rua... Falo sobre isso. Tiro fotos do abacaxi, literalmente. Em vários locais. Dou vida, humanizo o abacaxi (hahaha). Eu brinco, gente. Eu brinco. Digo de novo. Tenho raiva do imposto e enviado goela abaixo, lógico. Mas falei das fotos só pra deixar claro que agora tenho foto oficial (não que não vá usar a outra) tirada pela Glaucia Domingos no quintal da casa dela. O primeiro abacaxi de muitos, né Glaucia? Fora os tantos já descascados por aí. Tudo é melhor com amigos mesmo.

Repare que na escolha da novo foto já negociei com os mais sensíveis. Nessa, a mão que segura o abacaxi está mais apaziguada, não faz o movimento de cutucar. Não que não o possa fazer a qualquer momento. Um abacaxi na mão é sempre um abacaxi na mão, ainda que na mão de uma pisciana. Já demonstra atitude o fato de empunhá-lo e descascá-lo. Quem é que descasca abacaxi na leveza, fala?

Bom... Fora isso, acho que todos nós que temos blogs, canais que brigam por alternativas musicais, poderíamos nos unir. Que tal fazermos uma lista e nos divulgarmos? Os músicos talvez não possam nos divulgar – leem, mas pouco curtem, pouco compartilham - porque devem estar achando que perdem o pouco espaço que já têm na grande mídia. Concordo, em parte, com eles. Mas, tudo bem, eu vou continuar divulgando mesmo assim para o público que é principalmente da comunicação e da arte.

Só que, olha, vou continuar divulgando assim desse meu jeito tosco, torto (coroa torta, com padrão de crescimento desigual, tudo a ver) pouco polido, direto, irônico e brincalhão, sim, para quem me conhece. É o meu jeito de tentar parar os irresponsáveis que, é claro, não querem ser chamados assim. PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL é também para os artistas que gostam de escrito poético, querem se ver, ver humildemente o outro e não se ofendem com a palavra irresponsável porque sabem que não são.

O blog, em verdade, é para os fortes. Para todos. Para aqueles que recebem a crítica e reconhecem que precisam ouvir outra coisa. Embora, como eu disse, num primeiro momento eu esteja falando com o vocalista da banda, representando aqui todos que idolatram uma cultura irresponsavelmente, desvalorizando, não dando a mínima para a nossa. Porém, se a carapuça serviu, se reconhecer essa pessoa que eu chamei de irresponsável é o primeiro passo para mudar. Se você quiser mudar, lógico. É tipo mudar um hábito ruim como tomar banho muito quente, tomar café depois do almoço, ouvindo aquela baladinha pentelha com sotaque americano...

É difícil, mas a gente muda. Tem que tentar, tem que começar. Não é que você não vai ouvir nunca mais a baladinha. Não é isso. Mas ouve outra coisa também, pelamordedeus. Mas que não seja sertanejo, né? Ouve alguma coisa que seu ouvido nem pensou em ouvir. Experimenta. É como experimentar aquela comida que não fez salivar. Vai ver que você não estava com fome.

Ué... Não dizem que quem tem fome come qualquer coisa? Então... Ouve qualquer coisa aí que você não está acostumado, que não é servido sempre no cardápio. Inova. Transforma as suas sensações. Busca provocar emoções com outros instrumentos, acordes, ritmos. Outras músicas, outros músicos. Tem tanta coisa, gente. Não adianta ouvir uma vez e dizer que não gostou. Tem coisas que a gente nem percebe a primeira vez de tanto que o ouvido se acostumou à mesmice. Se dê a chance.

Olha... Consegui bem o tom de autoajuda aqui. É o meu máximo. Só falta tirar o irresponsável para te convencer? Nem precisa? Conseguiu rir com o nome? Então, tá. Não tiro. Tá bom. Não tiro. Já disse... Vamos acabar adorando esse nome...

Ia terminar ali, mas me veio um outro detalhe. Nem sempre o que se diz alternativo é. O alternativo está em outros canais. Não é aquilo que entra no seu spotfy sem você escolher. Tem várias outras plataformas, além dessa. Em geral, um pouco mais democráticas, com mais opções fora do mainstream e tal. Eu sou o lobo-mau, lobo mau, lobo mau.

Se estiver em dúvida por onde começar, aqui vão sugestões... Para os que já sabem o que é bom ou já ouviram vão achar ótimo ouvir isso tudo outra vez. Bom demais para embalar a quarentena! Nos colocar em cena diante do fato: a falta de contato. Quase me pego em forma de redemoinho nascente de clave de fá, envolvendo notas, abraçando os acordes, tocando os modos fortes. E não é bom ver sorte irresponsável em tudo isso? Grita isso, seu irresponsável!