Parte 2: demissões na Rádio Paraná Educativa
- Para de gritar isso seu i
- 6 de ago. de 2021
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Pra trabalhar na rádio agora, pelo jeito, só vindo a passeio. Muita gente que tinha compromisso com arte e cultura foi demitida. Sim... Turismo é cultura. Mas cultura é mais que turismo.
Sempre houve esse movimento de demitir pessoas que recebiam por cachê. É uma situação que a cada novo governo eles prometem regularizar e nunca acontece. Mas nunca foi tão devastador... Nesse governo, além de destruírem a programação, começaram por "proibir" música instrumental em horário comercial. Depois, antes das 22h, tiraram do ar programas consagrados e líderes de audiência (entre o público segmentado da rádio, claro). O Tempo de Jazz é um exemplo. E foram "empurrando" para depois das 23h, meia-noite, os programas de colaboradores que nem recebiam, só tinham apoio cultural, como os de blues, música erudita, rock, especiais com nomes consagrados da música mundial, tango, música judaica...
Com relação ao programa Brasil de Todos os Cantos, Claudia Vicentin dividia apresentação com Cristiano Castilho (que fazia uma faixa de uma hora no programa).
Sem ao menos consultá-la, simplesmente, informaram que ela iria substituir a jornalista que apresentava o jornal, durante as férias dela. Detalhe: Claudia ganhava um cachê de locutora, apesar de ser jornalista. O valor era menos da metade de um piso. Numa quinta-feira, dia 29 de julho, a editora-chefe ligou para Claudia, dizendo que o diretor havia comunicado a ela que o apresentador do jornal Lúcio André (jornalista) estava demitido e que ela iria fazer as férias da apresentadora. Ela disse que não, que não ganhava nem metade de um piso, que ninguém teve o respeito de consultá-la e que não faria. E disse que ela ficasse tranquila porque sabia que isso significaria seu desligamento. Há meses, os funcionários já estavam sendo alertados sobre demissões. Dito e feito.
O programa Brasil de todos os cantos com MPB, entrevistas e informações culturais começava às 08h30 e seguia até meio-dia. No início do ano, aumentaram o jornal que antecedia o programa, já visando certamente a reeleição do governador. O jornal então seguiu até 10h da manhã. Mais de 3 horas de jornal, em detrimento do programa de música e cultura. Há cerca de um mês, o Rui Façanário, um cara de SP que presidia a rádio e a tv foi exonerado. Entrou como diretor da rádio (detalhe: a rádio estava sem diretor), um tal de Rudson Weber, que era cerimonialista do Palácio Iguaçu. Veio para fazer o trabalho sujo. Começou demitindo a Rogéria Holtz, o José Valili, que era um cara super competente, pesquisador e atualizava tudo pra gente na programação, além do Roberto Prado, jornalista e pesquisador que escrevia, entre outros programas, o Especial 97.1, um dos programas mais importantes da emissora.
Na sexta-feira, dia 30, houve uma reunião, onde estavam Lucio André, Betina Muller, TODOS OS PROGRAMADORES DA RÁDIO, Araly Moser. Todos demitidos. No mês passado também foi o Cyro Ridal, um dos grandes colaboradores. Era coordenador de produção da rádio e apresentava o Música Oculta, outro programa de grande prestígio.
Havia também um programete sobre cultura italiano. Claudia produzia e apresentava Benvenuti. Também foi tirado do ar. Ela fazia sem ganhar nada. No início, havia conseguido um apoio cultural, sem ganhar nada, só trocava por algumas aulas, mas depois proibiram e ela continuou fazendo por amor mesmo... Muito triste tudo isso. Chegaram destruindo toda a programação, demitindo pessoas que estavam lá há 30 anos como Betina Muller... Todos ali faziam o trabalho com muito carinho. Era uma relação afetiva com a rádio e com os ouvintes. Ah, quando começaram a mudar a programação, pra dar lugar a jornais, boletins e música sem critério, os ouvintes enviaram dezenas de mensagens. Eles nem sequer responderam. Qual será o plano deles? Bom, depois que "conseguiram" perder a concessão da TV Cultura... É o fim de uma era... Pior que os demitidos saem com uma mão na frente e outra atrás. É de estarrecer. Governantes que não sabem ser. Não sabem o que é ser. Não estão nem aí mesmo.
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