Quase quarta

Porque hoje é quase Quarta-feira, a quinta que permite sentir o ar de fim de semana não chega, e as calcinhas das Americanas, nem tão velhas, - mas já descosturadas desde o primeiro dia e agora um tanto surradas - continuam penduradas no varal desde a quarta-feira passada, resolvo escutar várias vezes o piano que a gente entende lento e com um agudo que as teclas e a composição só me deixam chamar de leve mesmo. Coisa pra ouvir em cima da árvore, soprando vento na orelha. Descobri agora. Não sei. Mas, tenho encontrado, por esses entãos, entões, acordões de agora, agudos que, tantas vezes, têm o dom de me fazer agir demais, me movimentar pra lá do cais, jubilar o jaz, tenho os achado mais suaves.

É coisa do piano mesmo. Põe um trompete lá pra lá para ouvir no talo e vê se a opinião não muda. Ou um pífano. .. Não é isso, não, sua ouvinte tonta. Que tanta parcialidade. É... Mas nunca vi um contrabaixo fazer tim-tim-tim. Só que rasga, sim. Tem a ver com o instrumento, enfim, mas tem pé no arranjo, na harmonia, no dia, na sina. A mais rasgada rabeca, o mais agudo violino podem encontrar um coração desmanchado pela agudeza da palavra e do gesto e ajudar a dar uns pontinhos delicados ou uns pontões de preguiça, desânimo e dor. Agudezas se entendem.

Sugiro para a missão ouvir Ponteio acutilado, que, agulhando, acorda, rasga de vez, irremediavelmente, mas com cuidadinho. E aí, costura devagar, sem preguiça de pegar a agulha, encontrar os óculos, lamber a ponta da linha, acertar o buraco que teima em não se deixar focar com a lente comprada barata na internet e que provavelmente já nem corresponde mais ao grau exigido pela vida vista como já quase esquecida.

Está se perguntando porque eu misturei Taubkin com Quinteto Armorial ou nem foi nos links ainda? Os dois têm respeito pela cultural popular. Acho que é isso. Só isso mesmo. Me caíram no colo meio juntos, misturados aos meus mundos sentimentais, medievais. Fui ouvindo, sentindo, misturando os dois, pois, pois. Xô. Arreta. Arreda. Avoa. Deixa a toa. Na boa. De boa. Da boa. Deu boa. Destoa. Afina rabeca. Desafina moleca. Sacode pífano. Acode. Íhpano. Vai agulhando a pele. Fere gentil o tecido. Procura o poro. De lá. De cá. Muuuuuu. Me dá Boi de Mamão, canto Fulni-ô.. Une na carne cultura popular com o nosso fim. Xô american dream. Quero mim. Nosso curumim.

Foto do varal em pauta: Karen Monteiro