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Abril, maio, junho indígena

Atualizado: 18 de abr. de 2020



Preciso falar da minha revolta. Preciso falar porque nem Páscoa, nem Natal, nem Carnaval, parecem me importar mais. Quando vi esse vídeo a minha tristeza foi tamanha que nem sei. Quem fala no vídeo é João Capiberipe do PSB do Amapá. Estou tentando o contato com ele para saber mais detalhes sobre a pessoa assassinada. Parecia que alguém da minha família tinha sido morto. Um parente. Pois os indígenas se chamam de parentes. Me senti uma parente. Um ente que não entende e não quer entender esse mundo que mata por ganância suas sementes. Um ente que não quer aplacar a sua ira, diante de tanta injustiça. De tanta morbidez. De tanta falta de nitidez.

Entende que não quero Páscoa para me deixar renascida de amor? Que não quero receber, em nenhum Natal nem incenso, nem mirra. Espirra daqui. Não aguento samba unguento para me aplacar. Não quero me inspirar em nenhum coelho para fazer rir fedelho. Desculpa minha amargura. Nem sei se quero cura. Ainda bem que descobri a rádio Yandê. Se não nem sei. Nem sei. Nem sei. Sei sim. Isso tem que ter fim. Foi no trampolim. Não quero só festim.


Vendo o ao vivo com os músicos na Rádio Yandê fica muito claro como não é fácil para eles viver nesse mundo da arte. Como é difícil manter a essência e não virar outra coisa por causa da mídia. Digo virar um joguete, como eles mesmos dizem. Virar aquela cota da rádio, da TV, dos eventos.


Só na belezura para não deixar que a amargura tome conta de quem assiste. Denúncias calculadamente aplacadoras. Conscientização nível estamos aqui irmãos, mas, desculpa, não sairemos do sofá. No máximo assinar uma petição. Mas sem chegar para dar a mão. Sem se colocar no lugar. Sem procurar fazer o que der de verdade no seu meio. Tem corona agora, eu sei. Mas, vai pensando no que vai fazer depois que isso passar. E no que dá para fazer agora. Falar disso para aquela tia arredia...


Sempre há uma possibilidade de dar um passo concreto. De espalhar a realidade. De provocar o desconforto no travesseiro. Sempre há. Procura na sua rotina, no seu trabalho, no seu momento de baralho. Tá bom. Não vou rimar para não ser mais grossa. Cara. Pá. Lida. Tem que estar todo mundo nessa lida para diminuir essa sina. Na pressão. Quanto mais gente falar disso, quanto mais reclamação, quanto mais letras pedindo justiça, quanto mais realidade, melhor. R E A L I D A D E. (Pensei nisso antes de ouvir o final da entrevista do Krenak e, olha que bom, ele acabou falando exatamente essa palavra agora pela manhã na rádio).

Espalhar sim. Derramar sim. Derramar, vomitar a sua mudança bem subjetiva, aquilo que você resolveu de você. A sua mudança de paradigma. É a tal da gestão da sua subjetividade que o Krenak estava falando nessa mesma entrevista. Menos viagem para marte, fica aqui na arte. Tem que fazer parte. Resolve a sua frustração e dá a mão para o fulano irmão. Mas não para só aplacar sua estúpida culpa. Terapia, louça na pia, sangria... Você prefere comprar na joalheria? Despejar sua frustração em quê? No acelerador do super carro no corredor da morte? Por que você precisa de tanta árvore para corte? Enquanto isso índio virando pobre. E você achando que tem sorte. Sorte do diabo, heim?



Estou recolhendo links sobre arte, música indígena. Até agora, esses.

Vou começar a por um por dia no facebook, quando o facebook me deixar voltar a compartilhar. Ah! Esse post estava incompleto porque o wix não salvou a última versão de um post meu de novo. Será que devo achar que é normal essa sacanagem que já está se tornando comum nos meus posts mais críticos? Coincidência esquisita essa falha técnica, viu? Não salvou nem o título e o e-mail disparado automaticamente para avisar do novo post chegou, claro, com o título faltando. Bacana, né?


Quanto tempo de nós foi tirado?

Me perguntaram como eu cheguei aqui.

A verdade é que eu sempre estive.

Tua justiça faliu


É só mais uma armadilha. Cuidado na trilha.

A mãe terra diz... Cuide de mim


O palco virou aldeia

Meu colar é feito de semente.

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