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Tartarugamente

  • Foto do escritor: CAIXA CAIXOTE CAIXÃO
    CAIXA CAIXOTE CAIXÃO
  • 14 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de jun. de 2022



Pelo menos o passo da tartaruga é digerido. Cada passo. Não parece bem pensado? Pelo menos, eu acho. Olhei. Olhei. Olhei. E peguei a câmera para filmar bem rapidinho, bem rapidinho. Queria é ficar olhando sem intermediação. Três tartarugas juntas, quando é que a gente vê? Será que elas, no ritmo delas, têm uma percepção que a gente nem imagina? Um outro tempo. Que a gente nem quer alcançar. Quem quer andar tartarugamente? Esse jeito delas mente? Um dia a gente vai descobrir o que é bom e tentar entender o segredo delas?

Como fica uma tartaruga com pressa? Dá para pensar numa tartaruga assustada, correndo do predador? Como ela é à beira da morte, morando num lugar que um dia foi uma casa, uma natureza, um habitat? Como vivem todos, todos bichos assustados num lugar que vai deixando de ser mata, de ser rio. Num lugar where was Amazon?



Olha as tartarugas que o Jader Esbell desenhou no papel canson para a exposição It was Amazon. Viu. Viu não. Sentiu a pegada? A exposição já aconteceu há alguns anos, mas você pode ver as obras no site dele. São traços lindos de entristecer até o fundo do saco. De entristecer só quem é humano. Com o Y. O X. O XX, o XY, YX, XXY, o XYY, o ABCD. É de foder. Como nem costumo dizer. É de doer do útero ao úmero. Porque ninguém é número para cair assassinado no chão. Para poder deixar subir a construção, a agropop plantação, né, Denilson Baniwa?


Denilson Baniwa

E manda explorador, vestido de capim-moço verdinho, em forma de bonitinho para enganar com espelhinho. Foi amigo. Ninguém cai mais nessa, seu sorrateiro.


O negócio é se esgueirar também. Ir tomando conta, parecendo tonta. Ir se arrastando no caminho. Apontando para o norte. Dando o caminho. Flecha em punho, no rumo. Na cabeça. Certeira. Derruba da beira. Engole essa fragrância de ganância. Come o próprio rabo. E vira outra coisa.


Denilson Baniwa, além de artista visual, faz um trabalho para dar suporte a músicos indígenas.

Vira algo mais humano, num novo ciclo nesse cosmos triste por ver escrito genocídio na sua trajetória. É lento esse ir espiralado? Traçado na encruzilhada a machado? Trançado no vão, na mão das artistas artesãs, contado na voz de tantas Guardiãs de saberes? Esse é um trabalho em que a pesquisadora e artista Damiana Bregaldo está envolvida.


Denilson Baniwa


A Damiana ministra uma oficina sobre corpo... Essa me deu vontade de fazer. Bem devagarinho. Será que adoto uma tartaruga pra ir comigo? Assim eu vou acompanhando o passo. Se o meu passo não tiver que sair do chão para ter que acompanhar é o enterro delas. E de mais um monte de bicho por aí. E de mais um indígena assassinado.



*Viu... Só lembrando (não quero citar nome) a quem faz curadoria indígena: a Coca-Cola continuando esvaziando nossa água e nossas divisas. Leia esse post:


Vou publicar logo, logo posts ligados à cultura indígena que você pode gostar. Publicações nos blogs Arte na Roda e no Para de gritar isso seu irresponsável. Nesse, aliás, já tem um post cheio de indignação por causa de mais uma vítima do genocídio. Também coloquei lá links de músicas indígenas no Brasil. É minha maneira de ajudar a fortalecer os artistas dessas comunidades nessa hora.

Estou fechando um post sobre música colombiana também. E para o blog Arte na Roda já está quase pronto um material sobre a exposição Um dia comemos milho e peixe, da artista Maria Buenaventura Valencia.





 
 
 

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