CAIXA CAIXOTE CAIXÃO Lúgubre reticular

Meias dependuradinhas para receber o bom velhinho. E vem o sininho. Blem, blem. Ai saco. Vazio vácuo, largo, amargo esse Natal com aval pandêmico, anêmico. E não foi sempre um pouco assim essa festa da moeda encarnada em presentes que vão ficando em passados de insatisfação e falta de razão? Venha casulo do chão e do bem altão, pinicar o bordão, ferroar o fardão, esburacar para plantio benigno o fazendão, deslizar de lá o pessoal do Planaltão.

O plano de tantas mulheres nesse 2020 foi fazer, dessa falta de meia não inteira, tela translúcida. Tentativa de única. Com custo lúcida. Sai lúgubre líquido goticular, sai da retina reticular. Traços de lar nesse país que pendura desigualdade nas nossas gargantas. Faz crescer plantas fantasmas nas nossas hortas sem feira, nem beira. Sem justo confim para esse cultivo de agoras sem ágora. Só armas de mágoa para acertar os já cadavéricos frutos da falta do be-a-bá , do muito alto jabá, aqui, acolá, sem vaciná. Sem sinal. Ô sina não nascer na Conchinchina para poder enfileirar proteções com caras menos assustadoras. Esmagadoras estendoiras. Anteparos de assombração. Cercas de desilusão. Varais num plim-tim-ping no meio da testa. Aonde fenestra, fausto fumeiro para o para sempre o mesmo Papai Noel melado entrar?

Só alagar as esperanças dos fantoches? E nossas crianças com as roupas frouxas, as colchas poucas, as vozes roucas, as tripas ocas? E lá de cima, desse céu que não protege, só caem loucas medidas. E a gente esperando não é nem secar. Não se afogar. E o sol consumido nas nuvens. E o tempo urgido em urros. E murros. E o corpo nu que não pode festa. E o dorso cru que pede outras frestas, que só fim carrega. E nem precisava meta de correr atrás da poção que esfrega viço, rega compromisso.

Texto inspirado na obra de Maria Lidia Magliani e nas meias puídas que deixam ar e luz entrar, pelo menos.