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  • Foto do escritorCAIXA CAIXOTE CAIXÃO

Tempo emboinado

Atualizado: 25 de jun. de 2022


Confesso que detestava quando chegou mais de cinco anos atrás para enfeitar a cabeceira da cama no novo ap da minha mãe. Um arremedo de Van Gogh, um medo de morte de olhar. Nem assinatura do artista tinha, tem. Eu, pelo menos, não encontro. Vai ver que é uma nova forma conceitual de assinatura que inventaram e eu não fiquei sabendo. Ou é vergonha mesmo. Ou seria uma cópia? Não, acho que não... Mas é bom pensar em tudo. Ai, falta de informação do cão. O fato é que o tempo foi passando. Que fato, heim? De por no jornal ao lado daquelas notícias boas de superação para mostrar que a força de vontade é tudo no meio da areia movediça, vida na treliça, mira, mas não fica na home, fome, onde (?) de perto e de longe censura, usura, procura cura para genocídio. Quem dá subsídio? E nem dá coragem de ir no museu para espairecer um pouco. Fico nas paredes de casa, na fala. Sim... Tem um pouco de asa.

Pois bem. Eu pouco vendo o quadro motivo desse texto, já que, antes, nem aqui morava, me fez até certo ponto, esquecê-lo. Mas, veio a pandemia. E veio eu pra cá. E vieram as boinas. E veio o Tempo. E eu precisando fotografar o Tempo com as boinas (as primeiras que minha mãe fez para o Caixolá lá linha). Naquela época, uns sei lá quantos meses atrás, a Tadica Veiga nem tinha chegado com o Tempo por aqui.



Outro fato é que passei a olhar o quadro com frouxos olhos. A natureza verde floresta, amarelo solar me consumiu. A casinha ao fundo, o céu. Não me pergunte como, mas hoje eu gosto dele. Não é que me acostumei à presença, não. Fico olhando aquelas pinceladas grossas que devem ter afogado o pincel, aquele empasto aparente, aquele movimento, aquela tinta que chega na tela em formato de dança e agora respeito o artista. Não é não que não gostasse do quadro pela perspectiva tosca. Isso dá até um certo charme. Era mais o caráter de imitação que me irritava. Mas, pensei melhor e, quando o artista não assinou, acabou que surgiu uma entre várias questões na minha Caixola.


Ele, ela deve ser um artista bacana, mas que põe vários quadros iguais e imitativos num site para vender, para sobreviver. Vende como artesanato. Como eu. Queria conhecer outras obras dele. Saber quem é a pessoa capaz de fazer um sol nascer de manhã por aqui, mesmo em dias nebulosos como esses que o país passa. E isso não passa... E daí que para aliviar os dias, pus o Tempo, devidamente Emboinado, para morar no quadro. Ou o quadro para morar no Tempo Emboinado, pouco abonado. Quê? Boi foge a nado do fardo? Emboinado. Emboinado. Sem tempo pro nado. Deixa o que importa de lado. Nem vem. Não impus nada nessa aproximação entre tinta e fio. Vi possibilidades de convivência e harmonia. Só fiz a aproximação. E só pra vocês saberem, tá tudo bem com eles. É começo, né? Depois o que conta é a paciência, o companheirismo, a vontade de não ficar só, a preguiça, o costume e o que mais você quiser pra não ficar por um fio.




*Eu faço escrito poético, faço e vendo as boinas que, por enquanto estão morando no quadro e na cabeça do Tempo. É só você pedir que elas vão praí.

41 995418735. Se quiser conhecer outras peças do CAIXOLÁ LÁ LINHA clique aqui.


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