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Que música vem na cabeça ao olhar uma gravura? Com Cida Airam.

Atualizado: 25 de dez. de 2020

Estava eu lá fazendo o que me salva nessa pandemia... Estava lá na aula virtual, isso virtual, virtual, saca? Você também não aguenta mais ficar na frente dessa tela? Eu não aguento, mas fico. E tenho aulas ótimas. Estava eu ouvindo o professor Fernando Bini – esse compêndio de arte - falar sobre gravura. Ele dizia o quanto essa linguagem é democrática, mas acaba sendo relegada. Gravura a gente imprime mais de uma, com impressão a gente distribui, panfleta... Agora, menos, porque tudo é virtual e é bom economizar papel.


Pois então... Na aula, foi exibido um documentário sobre gravura, assinado por Olívio Tavares de Araújo. O professor Bini contou que, certa vez, encontrou Olívio e reclamou que o documentário não trazia nenhum paranaense, nem mesmo o nosso Poty das tantas gravuras e ilustrações de livros de grandes escritores como Guimarães Rosa. Mas, esse é o Bini: não desqualifica o documentário, tanto é que o exibe em aula, mas dá lá suas alfinetadas para defender os artistas daqui.

A aula acabou e fiquei com vontade de ver mais gravuras de paranaenses. Escrevi para o Bini e perguntei o que ele tinha nas paredes de casa. Mal sabe ele que quando essa pandemia passar vou me convidar pra ir lá ver as obras cara a cara. Sim porque obra é assim: a gente encara, procura nela um olho gravado, cravado, imaginário, abstrato e se enxerga. E se acha. Ou se perde. Se identifica ou vai para próxima.


Mas, o caso é o seguinte. Pedi para ver as obras que o Bini (na metade do texto e eu já nem chamo mais de professor...) tem em casa e ele escolheu 17 gravuras do acervo. Dezessete da idade do vestibular. Volver a los 17 com Violeta Parra e Mercedes Sosa (já publiquei,nas últimas semanas, umas sei lá quantas gravações dessa música no grupo de dicas culturais que mantenho no facebook. 17... 17... Antes da maioridade, antes daquela responsabilidade... Como o Bini escolheu as gravuras eu não sei, mas, além dos paranaenses que eu tinha pedido, me mandou umas obras que remetem à Alemanha, Portugal e França. São os três países que eu tenho aproximação: sobrinhas alemães, mãe portuguesa. E um vinho francês para acompanhar um filme francês até iria bem nessa pandemia em que não consegui aprender o colonial francês ainda.


É sempre bom saber a língua desses colonizadores... Queria saber também russo, japonês, iorubá e sânscrito. Frustrações das frustrações. O fato, amigos, é que não tive como escolher essa ou aquela obra e resolvi publicar em doses homeopáticas as 17 obras que ele mandou. Fiquei com pena de tirar da ordem enviada, mas para o que me propus achei que foi a melhor saída. E o Bini ainda me fez a gentileza de enviar os detalhes que tinha das obras.

Aí, a ideia que tive foi convidar artistas para apreciarem as obras e me dizerem que música eles se lembraram quando olharam para elas. São dez artistas. Vou tentar publicar um ou dois por dia, conforme o material for chegando. E ao final, vou postar umas gravuras que eu gostaria de ter na parede. Aquelas coisas que não são presente. Aquelas coisas que a gente escolhe. Presente, é aquela coisa, é presente. A gente acaba se apegando à maioria pelo carinho e pela consideração com quem deu. A pessoa sempre acaba vendo algo de nós no objeto.


Mas, vamos ao propósito do post. Quem enviou primeiro foi a Cida Airam.


Cida Airam é potiguar e radicada em Curitiba há 15 anos. É cantora, compositora, professora de canto e mãe de Samuel. Formada em Licenciatura em música pela FAP/Unespar Curitiba e cursa a pós graduação no Sagrado Feminino na faculdade espírita. Tem dois Cds Gravados: Cida Airam e Nós. Atualmente canta nos grupos: Samba de Saia, Forró de Maravilha e Tapuia Trio e desenvolve o projeto Mistérios que fala sobre os mistérios de um corpo feminino: A menarca, a maternidade e a menopausa.


Aprecia a obra que o Bini me enviou e eu mandei para Cida.

ARTISTA: Jussara Fátima Age

TÍTULO: Sem Título DATA: 1982

TÉCNICA: Litogravura, 5/8 DIMENSÕES: 30 x 40 cm.

DADOS DA ARTISTA: Curitiba/PR, 1953.

Gravadora, desenhista, pintora, objetualista e professora universitária. Em 1977, gradua-se em Pintura pela EMBAP. Especializa-se em Litografia Avançada, pela ECA - USP, em São Paulo/SP. Entre 1975 e 1985, participa de vários cursos livres: Litografia, com Danúbio Gonçalves e Antonio Grosso; Xilogravura, com Rubem Grillo; Pintura, com Fernando Calderari e Papel Artesanal, com Otavio Roth. Em 1982 e 1983, participa do atelier de Litogravura de Laís Guterstein. Já entre 1983 e 1986, coordena o Gabinete de Arte Imagem 3 e o Atelier de Litografia e Gravura em Metal 4 Ventos, atuando ainda como orientadora da Oficina de Litografia na Casa da Gravura do Solar do Barão. Integra o Corpo Docente do Curso Superior de Gravura da EMBAP, sendo uma das principais responsáveis pelo aparecimento de uma nova geração de gravadores, surgidos no Paraná na década de 1990. Como gravadora, explora diversas técnicas, como a litografia, xilogravura, calcografia e experimental. Além da gravura, dedica-se a pintura e objetos.


Ouve a música que a Cida sentiu (e ela usou esse verbo mesmo) quando olhou a obra.


 

Outra obra que enviei para Cida:

ARTISTA: Vera Lúcia Escobar Salamanca

TÍTULO: Amazônica DATA: anos 80

TÉCNICA: Água forte (P. E.) DIMENSÕES: 14 x 19 cm.

DADOS DA ARTISTA: Porto Alegre, RS, 1948. Pintora, desenhista, gravadora. Freqüenta a oficina de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com José Assumpção Souza, entre 1967 e 1975 e estuda na Faculdade de Belas Artes de Curitiba. Faz curso livre de desenho na casa de Alfredo Andersen e curso de gravura, sob a orientação de Fernando Calderari, no ateliê de Poty. No Museu Paranaense, em Curitiba, desenha fragmentos de cerâmica e sambaquis, obra resultante de viagens arqueológicas na baía de Paranaguá, junto com o professor OldemarBlasi. Em 1976, participa de performances com Ivald Granato em museus, em teatros e em galerias. No mesmo ano, passa a residir em São Paulo, onde faz cenários e alegorias para a Escola de Samba Nenê da Vila Matilde.


Para essa imagem, Cida sentiu essa composição sobre as benzedeiras, porque a imagem lembrou as espadas de São Jorge.


Acompanhe o próximo post dessa brincadeira que propus aos artistas.



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