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Que música essa gravura te lembra? Com Marcelo Torrone.


Pianista, compositor e diretor do grupo Wandula ao lado de Edith de Camargo desde 1999. Iniciou seu trabalho solo como compositor em 1993. Sempre abordando as tendências da música minimalista gravou seu primeiro CD solo “Piano Works” em 1996. É pianista e tecladista do projeto Noel, com os músicos Sergio Albach, Gabriel Schwartz, Ale Age e Marcio Juliano, no qual realizam uma leitura contemporânea sobre a vida e obra de Noel Rosa. Além de compor trilhas sonoras para cinema e teatro, realiza concertos e palestras sobre música minimalista interpretando Erik Satie, Philip Glass, Michael Nyman e Yann Tiersen, em seu trabalho entitulado ‘’PIANO MINIMALISTA’’.


BORRASCA

Marcelo Torrone

ARTISTA: Nilo Previdi

TÍTULO: Natureza Morta

DATA: 1962.

TÉCNICA: Gravura em Metal (água tinta/água forte).

DIMENSÕES: 18 x 21 cm

DESCRIÇÃO DA OBRA: Composição com formas deixando ver a imagem de três (ou quatro) garrafas estilizadas. Impressão em tinta preta.

DADOS DO ARTISTA: Curitiba, PR, 1913 – Curitiba, PR, 1982. Pintor e gravador. Estudou pintura com Guido Viaro, escultura com João Turin e Erbo Stenzel e modelagem com Oswaldo Lopes. Foi aluno de Poty em gravura em metal e autodidata em xilogravura. Em 1950 criou o Clube de Gravura do Paraná, depois, Centro de Gravura do Paraná. Participou da I Bienal de São Paulo em 1951. Formou-se na EMBAP em 1960.


"Borrasca é o que me veio na cabeça quando vi a gravura. É uma música que fiz em 2004. Ela é como se fosse uma tradução musical de uma tempestade. Ela é meio mântrica. Ressoa. Não sei direito dizer, racionalmente, porque eu escolhi. Acho que tem a ver com a coisa da natureza-morta."

Natureza que morre, que tem que lidar com os humanos-tempestade e vai sendo arrasada. Acho que é isso que ele quis dizer. Não somos aquela tempestade natural, que limpa mar, que limpa ar. Somos aquela tempestade-moral mesmo. Tempestade de vergonha. Devia ser de vergonha na cara. Os riscos feitos pelos sulcos do ácido na chapa me lembram os riscos agudos e doídos de uma tempestade.

Torrone vai além da referência à natureza-morta tradicional em frame, congelada, da arte visual.








Paul Cèzanne - A Cesta de Maçãs), c. 1893 – óleo sobre tela – 65 x 80 cm






Aliás, o que Cézanne – que pintou tantas naturezas-mortas - diria desse meu jeito jogado, sem pompa de tratar natureza-morta? Ele que vivia num tempo em que a fotografia estava fazendo os pintores procurarem outras perspectivas para representar o seu objeto, ele que inspirou o cubismo das mil faces, acho que ia achar ruim. Afinal, a dele não é retrato fiel do nosso olhar tridimensional, não congela a natureza do jeitinho que a gente vê. Dá novas caras a ela. Derrete o normal, o natural.

Mas, a verdade é que enviei essa gravura porque as garrafas, pela forma, me lembraram teclas de piano, o instrumento do Torrone. Quanto contei para ele, ele disse:

Olha só. Tudo dialoga em algum lugar. Gostei!

Bem isso. Tudo dialoga. É a gente que vê as possibilidades no meio desse labirintoso caminho da vida. Ô osso. Para os cachorrinhos do Torrone que já devem ter aprendido piano. Tenho vontade de voltar a aprender, mas o piano foi vendido para um aluno do Torrone, anos atrás. Quem sabe um dia ganhe na loteria e compre de volta. Pede para o seu aluno guardar Torrone ou pelo menos saber qual o caminho do labirinto em que ele vai colocar o piano.



UNE NOUVELLE GNOSSIENNE

Marcelo Torrone

- Essa música faz referência a Erik Satie que compôs o conjunto de obras Gnossienne. Como achei que ficou parecida, que remeteu à obra de Satie pus esse nome. Gnossiene é relativo à ilha de Knossos, que fica em Creta, aquela do mito do Minotauro.
- Você se sente num labirinto? - Totalmente. A gente é um ser com muitas possibilidades, né? Realmente, eu me sinto num labirinto. Mas... Eu vou indo... (risadinha daquelas conformadas).

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